Chineses dominam comércio…«tradicional» de Olhão

domingo, 7 de novembro de 2010 |

                                              

Olhão será porventura a cidade onde o comércio chinês mais se terá intensificado, logo seguida de Faro. Pelo menos é a cidade onde a presença dos produtos «Made in China» mais se torna evidente, ocupando as duas principais avenidas e a zona histórica, as ruas do chamado comércio tradicional.

Para o antigo secretário local da ACRAL – Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve, Vítor Matias, o comércio tradicional de Olhão morreu, invadido por chineses e indianos. Segundo este antigo dirigente, uma nova tipologia comercial vem aí, a dos grandes centros comerciais que vendem tudo. O antigo cinema de Olhão prepara-se para abrir como supermercado chinês e na antiga loja dos «Móveis de Todo o Mundo» funciona o China Home (sete empregados portugueses) com «todos os artigos», refere-se, «que você precisa». Vestuário, sapatos, electrodomésticos, artigos de higiene e pomadas e unguentos para dores, mialgias, reumatismo e estimulantes.

Para este ex-dirigente, a autarquia, como entidade gestora do desenvolvimento, devia ter uma política comercial para o concelho, o que não aconteceu. Devia impor um modelo de regulação, contribuir para um cenário mais equilibrado.

Reconhece, porém, que na cidade há muitos espaços vazios que os chineses vieram ocupar. “Os chineses mais não fizeram que ocupar as lojas fechadas”, conclui.

Já António Vasquez, actual membro do secretariado da ACRAL, retorque, afirmando que hoje as autarquias nada podem fazer, o comércio é livre, apenas regulamentado a nível autárquico no caso das farmácias. Vasquez vai mais longe e afirma que o que está a passar-se é a lei do mercado (mercado mata mercado) e que as grandes lojas chinesas começaram já a deglutir as pequenas lojas, começando a ver-se trespasses.

Quanto ao facto de Olhão se ter tornado numa pequena China Town, refere que é pura ilusão, aludindo a cenários semelhantes noutras localidades. “Faro como Olhão e outras cidades algarvias vêm seguindo o mesmo caminho: em volta do Mercado de Faro a concentração [de lojas chinesas] é grande, até debaixo do Estádio de S. Luís está hoje um mega shopping”.

De acordo com António Vasquez, é a lei do mercado. Às lojas dos 150, sucederam as dos 300, agora são os chineses. “Não inventámos nada. Keynes já tinha tudo isto previsto”, conclui.

Jornal O Argarve

Olhão,07 de Novembro de 2010
(A Concelhia do Bloco de Esquerda de Olhão)

0 comentários:

Enviar um comentário

Este espaço serve para nos deixar o seu comentário.

A moderação de comentários está activa para evitar a publicação neste espaço de comentários abusivos, injuriosos e que contenham linguagem imprópria.