Louçã diz que contas do Governo estão «marteladas» e ocultam escândalo do BPN

domingo, 17 de outubro de 2010 |

Portugal poderá enfrentar nova crise em 2011.

O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louça, disse que Portugal poderá enfrentar uma «segunda crise» em 2011, considerando que as contas do Governo estão «marteladas» e ocultam «o escândalo financeiro do BPN».
Numa conferência de imprensa na sede nacional do Bloco, em Lisboa, Louçã disse, citado pela Lusa, que as contas nacionais no próximo ano têm uma gravíssima incógnita» e podem enfrentar um problema semelhante ao da Irlanda, que viu o seu défice aumentar de 10 para 32 por cento «por ter sido forçada a considerar nas contas nacionais o impacto de uma nacionalização de um banco falido».

«Portugal não está livre do mesmo perigo. A maior fraude bancária em Portugal foi a do BPN e depois a sua nacionalização já produziu um prejuízo de 4.500 milhões de euros. Se for vendido será por 200 milhões de euros, faltam 4.300 milhões de euros, que é aproximadamente o total do montante que é obtido com estas medidas dramáticas de aumento de impostos e de redução dos salários», referiu o líder bloquista.

Francisco Louçã alertou: «Temos uma segunda crise em risco no ano de 2011».

95% do buraco pago pelos contribuintes

«Se as contas estão marteladas e ocultam um dos principais problemas, o que resulta do escândalo financeiro do BPN, não vale a pena fechar os olhos ao facto de que, baixando salários, aumentando impostos, cortando na saúde, o Governo pretende conseguir cerca de 5.500 milhões de euros e o buraco do BPN é quase tanto como isso», sustentou, acrescentando que «95 por cento deste buraco vai ser pago pelos contribuintes».

Para o dirigente do BE, o país tem andado «de irresponsabilidade financeira em irresponsabilidade financeira e os portugueses perguntar-se-ão porque é que têm de pagar tanto dislate a partir da redução dos seus salários».

Por outro lado, Louçã condenou a proposta do Governo, de criar um imposto sobre os passivos dos bancos, mostrando-se convicto que os portugueses vão pagar esta nova taxa.

«José Sócrates chegou ao Parlamento [para o debate quinzenal, na quinta feira passada] sem ter nenhuma ideia sobre o que é esse imposto em termos concretos», disse.

Segundo o responsável bloquista, «os banqueiros estão a dizer que qualquer imposto que paguem será cobrado sobre os clientes», mas «na verdade é isso que já está a acontecer», quer através dos aumentos dos «spreads» e dos juros quer porque os impostos «servem para pagar os juros da dívida pública, que alimenta os cofres dos bancos».

No debate quinzenal na Assembleia da República, o primeiro-ministro afirmou que este imposto ocorre «nas mesmas circunstâncias em que está a ser criado na Alemanha, França e Inglaterra».

«Se o modelo for o da Alemanha e o da França, não se trata verdadeiramente de um imposto. Trata-se de uma taxa que retém para um fundo dos próprios bancos o financiamento de quando tiverem dificuldades. Têm um porquinho mealheiro onde põem uma pequena parte dos seus rendimentos para depois o utilizarem quando criarem problemas como novas vagas especulativas», salientou Francisco Louçã.


Olhão, 17 de Outubro de 2010
(A Concelhia do Bloco de Esquerda de Olhão)

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